sábado, 29 de setembro de 2012

Impeachment de Collor completa 20 anos hoje

Brasília, 29 de setembro de 1992. Há exatos 20 anos, o Brasil parava em plena terça-feira para acompanhar a votação do pedido de impeachment do presidente da República Fernando Collor de Mello (PRN) na Câmara dos Deputados. O placar foi massacrante: 441 parlamentares favoráveis ao afastamento contra 38 defensores da manutenção do ‘Caçador de Marajás'. A festa nas ruas anunciava o começo do processo que destituiria um presidente pela primeira vez na história da política brasileira.

Dois dias depois da derrota, Collor chamou a imprensa para acompanhar o momento em que ele era afastado do cargo. Em 29 de dezembro, prevendo que o Senado aprovaria seu impeachment, se antecipou e encaminhou a carta de renúncia, escrita durante a madrugada, na Casa da Dinda, residência oficial da Presidência.

A manobra foi para evitar a cassação dos direitos políticos. Os senadores deram prosseguimento à votação, aprovaram a saída do presidente, que ficou inelegível por oito anos. "Ele foi defenestrado do cargo, pois não teve a capacidade articular. Desagradou políticos, empresários, trabalhadores e credores internacionais. Adotou postura autoritária numa época que não cabia mais, pois estávamos saindo de uma ditadura militar", analisou Marcos Tarcísio Florindo, professor da FESP-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).

O escândalo que culminou no impeachment começou em maio de 1992. Pedro Collor, irmão do presidente, delatou suposto esquema de desvio de dinheiro e tráfico de influência dentro do governo liderado pelo empresário Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha presidencial.
O Congresso abriu uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as irregularidades. Em depoimento aos parlamentares, PC Farias negou as acusações. Após as oitivas, o relatório da comissão apontou que o presidente da República se beneficiou das operações ilegais do empresário.

A compra de um Fiat Elba para Rosane Collor, então primeira-dama, comprovou a ligação entre o presidente e PC Farias. O cheque para a aquisição do carro era de um correntista fantasma e foi assinado por Jorge Bandeira de Melo, sócio do ex-tesoureiro da campanha.

Com os escândalos, a sociedade civil e os estudantes começaram onda de manifestações pedindo o afastamento de Fernando Collor. Os ‘caras-pintadas' tomaram as ruas. "Foi um momento de amadurecimento político da sociedade brasileira", avaliou José Salvador Faro, professor da Universidade Metodista de São Paulo. Para conter a onda de manifestações, o presidente chamou a população para vestir verde e amarelo para rebater seus acusadores.

O pedido não foi atendido e as pessoas colocaram roupa preta, o que originou o Domingo Negro. "Quando, no domingo, as informações começaram a chegar que as pessoas estavam se vestindo de preto ao invés de verde e amarelo, eu disse: ‘A Presidência está perdida'", disse Collor em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, em 2005. O ex-presidente admitiu que se arrependeu de convocar a população. "Foi um erro tático seriíssimo", lembrou Collor. Dias após o primeiro revés popular do presidente, um protesto reuniu milhares de pessoas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

Fonte: http://www.dgabc.com.br/News/5984248/impeachment-de-collor-completa-20-anos-hoje.aspx

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