domingo, 15 de agosto de 2010

Memória ruim? Intolerância? Pode ser por falta de sono. E de sonhos


Dormir nunca foi perda de tempo. O sono é vital. E sonhar, fundamental para que possamos produzir e viver bem. Só que, por modismo ou excesso de atividades, muita gente descansa menos do que realmente precisa. Se isso acontece por uma ou duas noites, tudo bem. Mas, se vira hábito, o corpo reclama. Noites bem-dormidas ajudam a proteger a saúde física e mental.


Eliane Corrêa Chaves


Se você é dessas pessoas que, pela manhã, sempre têm vontade de ficar um pouco mais na cama ou que, podendo, aproveitam para acordar um pouquinho mais tarde, não se culpe. Dormir não é besteira. O ser humano necessita, em média, de sete a oito horas de repouso por dia. Porém, nos tempos modernos, cheios de estímulos e de responsabilidades, mais e mais pessoas descansam menos do que deveriam. E sono de menos - ou de má qualidade - faz mal à saúde. Sem dormir bem não podemos sonhar. E sem sonhos é impossível viver bem. Eles equilibram funções mentais ligadas à memória, à criatividade e até à capacidade de sentir alegria.

Para compreender por que isso acontece, é preciso que você entenda como se dá o sono. Ele se divide em ciclos, com cerca de 90 minutos cada, e esses ciclos dividem-se em cinco partes: indução ou sonolência; relaxamento muscular e dos sinais vitais; duas etapas de sono profundo; e fase do movimento rápido dos olhos (REM). É principalmente nesta última fase que sonhamos. Numa noite, precisamos completar de quatro a seis desses ciclos e os sonhos ocorrem, mesmo que não nos lembremos de nada ao acordar.

Sonhar é importantíssimo para o nosso bem-estar porque é momento em que os conhecimentos adquiridos durante o dia se depositam no cérebro, constituindo nossa memória de curto prazo. Também é nos sonhos que fatos recentes se conectam com outros, mais antigos, já registrados na nossa mente. O resultado é o aprendizado. Além disso, contribui para a produção de substâncias ligadas à de sensação de prazer e também de satisfação consigo próprio. Conseqüentemente, a falta de um bom sono e de sonhar tem "efeitos colaterais": memória ruim, falta de atenção, dificuldade para aprender, depressão, irritabilidade, intolerância, pessimismo, falta de motivação e de alegria de viver. Com freqüência atribuímos tais sintomas a brigas com o parceiro, discussões com o chefe e outras chateações cotidianas. Às vezes, porém, eles resultam só da falta de sono de sonhos. Claro que os prejuízos não se concretizam após uma ou duas noites maldormidas. Mas se elas virarem hábito, certamente haverá impacto.

A esta altura você já deve estar se perguntando se dorme o suficiente. Em média, já dissemos, as pessoas carecem de sete a oito horas de sono diárias. Mas para algumas bastam quatro, cinco. Outras exigem nove, dez. É uma questão de adequação individual. O que você precisa é saber que quantidade de sono seu organismo "pede". Observe-se. Vamos supor que, de segunda a sexta, você durma às 24h e acorde às 6h; no domingo, porém, se levanta às 10h. Esse é um sinal de que sua necessidade de sono é maior. Agora, se junto com essa observação você notar que sente dificuldade para desempenhar suas funções, a falta de sono e de sonhar provavelmente está repercutindo em seu corpo. Tente respeitar mais as "vontades" dele.

Qualidade também é importante. Por isso, a seguir, dicas que podem melhorar o seu sono:

* Pratique atividade física. O exercício libera substâncias que ajudam a sonhar.

* Evite café, chá preto, refrigerantes tipo cola, bebida alcoólica e comida gordurosa próximo à hora de dormir, pois eles dificultam "pegar no sono".

* Tire a televisão do quarto. Na hora de dormir, "desligue-se" do ambiente.

* Cuide para que o quarto esteja escuro e sem ruídos e só vá para a cama quando sentir sonolência. Antes, relaxe - com meditação, banho morno, leitura ou música. Pronto. Agora é só dormir gostoso, sonhar e acordar bem amanhã. Boa noite!

Eliane Corrêa Chaves (53), enfermeira, é especialista em promoção da saúde, doutora em Psicologia e professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP).

Fonte: http://www.caras.com.br/edicoes/728/textos/memoria-ruim-intolerancia-pode-ser-por-falta-de-sono-e-de-sonhos/

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