domingo, 4 de julho de 2010

Comunidade quilombola assiste à destruição de 160 anos de história


Depois que as águas do Rio Mundaú destruíram mais de 50 casas, deixando famílias somente com a roupa do corpo, a comunidade remanescente do quilombo do Muquém, em União dos Palmares (AL), quer mudar a vila do lugar onde vive há mais de 160 anos. Um terreno mais alto, dentro do quilombo, está sendo estudado para a construção de casas em vila e longe do risco de enchentes.

Com a água a uma altura de mais de dois metros e forte correnteza, cerca de 60 pessoas, entre elas duas crianças menores de 3 anos, tiveram que passar a noite entre os dias 19 e 20 de junho trepadas nos galhos de dois cajueiros para sobreviver, enquanto a água deixava seu rastro de destruição.
Não há registro de mortes ou desaparecidos no quilombo, mas os prejuízos materiais saltam aos olhos. “Foi velho, novo, criança, todo mundo em cima do cajueiro pra não morrer. A maior dificuldade foi porque os meninos ficaram sem comer por mais de 12 horas, naquela umidade e naquele frio”, lembra a professora Ângela Maria Nunes, 32 anos, mãe de dois garotos de 3 e 1 ano e seis meses. Quando desceu da árvore, Ângela viu apenas escombros onde antes era sua casa. “Só deu tempo de salvar o fogão”, disse.

O assessor técnico da Secretaria estadual de Recursos Hídricos, Carlos Soares, ressalta que, a partir desta semana, as famílias desabrigadas ficarão instaladas temporariamente em barracas de lona que estão sendo instaladas numa área mais elevada, ao lado do posto onde estão há mais de 15 dias.

Com 5 metros quadrados de cumprimento e o mesmo de largura, as barracas vão abrigar pelo menos duas famílias, cada uma. “É temporário até que o governo federal libere os recursos”, informa Soares. O prefeito de União dos Palmares estimou em um ano o prazo para a entrega das moradias.

Fonte: http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=4721102

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