Corte no orçamento do Banco Central e atrasos nos lançamentos impediram a
substituição total de cédulas antigas pelas novas notas da segunda
família do real. Os turistas que vierem ao Brasil para assistir à Copa
do Mundo têm, portanto, grande possibilidade de sair do País sem
conhecer o novo modelo da moeda brasileira, principalmente as notas de
menor valor. A ideia inicial do governo era trocar todas as cédulas
pelas novas, com tamanho diferente dependendo do valor, antes do
Mundial. Seria uma forma de mostrar aos estrangeiros que, duas décadas
depois de criado, o real se consolidou como uma "moeda forte". Também se
evitaria confusão para os turistas de adaptação a dois modelos
distintos de notas do mesmo valor. A expectativa, porém, é que quase
100% das cédulas da antiga família só sejam substituídas antes da
Olimpíada de 2016. Como foram lançadas por último, as notas novinhas de
R$ 2 e R$ 5 são as mais difíceis de se encontrar. Hoje, a chance de
pegar uma cédula da segunda família do real de R$ 2 é de três em dez
vezes e a de R$ 5 deve ser recebida em quatro de dez tentativas. Os
dados são do Departamento de Meio Circulante do BC e computam todo o
dinheiro em circulação no País: no bolso das pessoas, nos caixas dos
comerciantes e nos cofres dos bancos, por exemplo. No lançamento dessas
novas cédulas, no fim de julho de 2013, o diretor de Administração do
BC, Altamir Lopes, admitiu que o corte de R$ 600 milhões do valor para
fabricação de dinheiro em 2013 poderia interferir na substituição das
notas antigas e a solução seria deixar as cédulas do modelo anterior
circulando por mais tempo. "Isso não trará evidentemente falta de
dinheiro. O que pode ocorrer é um pouco mais de atraso no recolhimento
do dinheiro antigo, do dinheiro em condições um pouco piores. Mas, sem
dúvidas, sem perda de segurança", argumentou.
Copa. O projeto para a mudança das cédulas do real começou em 2003 numa
parceria entre BC e Casa da Moeda, responsável pela impressão do
dinheiro. No início de 2010, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN)
aprovou o lançamento da segunda família do real, o então diretor de
Administração, Anthero Meirelles, informou que a previsão para o
lançamento das novas notas de R$ 2 e R$ 5 era no primeiro semestre de
2012, o que daria condições para que as cédulas fossem totalmente
trocadas até a Copa do Mundo, levando-se em conta que a vida útil de
cada uma dessas notas de menor valor é de 14 meses. No entanto, o
lançamento só ocorreu um ano depois, no início do segundo semestre de
2013. Agora, o BC espera que todas as notas de menor valor sejam
trocadas até meados do ano que vem. Lopes informou que o BC mandou
imprimir 75 milhões de cada denominação, o que atenderia às necessidades
a princípio. Segundo o BC, circulam atualmente 32 milhões de cédulas
novas de R$ 2 e 21,5 milhões de notas de R$ 5. Para aumentar a vida útil
dessas cédulas de baixo valor, a Casa da Moeda passa uma camada de
verniz nos dois lados da nota para diminuir a absorção de sujeira. O
governo esperava que as cédulas de R$ 100 e R$ 50, lançadas em 2010,
fossem trocadas até o fim do ano passado. De acordo com o BC, 82,6% das
notas de R$ 100 e 76,8% das de R$ 50 que circulam no País são da segunda
família. Já as notas novas de R$ 10 e R$ 20, que deveriam ter sido
lançadas no primeiro semestre de 2011 mas só começaram a circular em
julho de 2012, respondem por quase 70% (no caso das de R$ 10) e 60% (nas
de R$ 20) do dinheiro em circulação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/estadao/noticia/36992-nova-familia-do-real-atrasa-para-a-copa.html