Nos últimos tempos, temos visto alguma
polêmica e alguns mal-entendidos no que diz respeito aos signos do
zodíaco e às constelações que o mesmo contém. Na verdade, não devemos
fazer confusão entre
signo
e constelação zodiacal. Os signos, em número de doze, correspondem cada
um à divisão de 30 graus do círculo zodiacal ( 360 /12 = 30), os quais
recebem o nome da constelação mais significativa daquela região do céu
conforme os povos antigos que criaram tal concepção de organização
estelar, e que a Astrologia adotou e ajudou a popularizar.
As constelações sempre tiveram, desde a época das civilizações mais
antigas, a importante função de dar uma organização ao céu, facilitando
sua
leitura
e ajudando na identificação dos astros. Sempre representaram uma
verdadeira cartografia do céu. Acontece, contudo, que até o início deste
século, a delimitação das constelações não respeitava um critério
padrão, existindo cartas celestes com limites irregulares, além de
arbitrários e ainda com algumas linhas curvas. Havia também mapas e
globos celestes com configurações artisticamente elaboradas, sem a
precisão do rigor científico, como ainda constelações que eram
identificadas por linhas arbitrárias que interligavam suas estrelas.
Foi a partir de 1922, quando da criação da União Astronômica
Internacional (UAI), que o conceito de constelação começou a mudar e
surgiu Ofiúco (Ophiucus) como uma 13a constelação zodiacal. Durante a
assembléia geral da UAI em 1925, em Cambridge, foi criado um grupo de
trabalho para
estudar
a questão das delimitações das constelações, surgindo daí a proposta de
criação de regiões na esfera celeste, tal como um país dividido em
estados. Assim, a esfera celeste foi dividida em 88 regiões, também
chamadas constelações, com tamanhos variados e delimitações bem
definidas e retilíneas. Cada região recebeu o nome da principal
constelação nela predominante e todas aquelas cortadas pela linha da
eclíptica (linha que no céu, vista da Terra, representa o caminho
percorrido pelo Sol durante o ano) passaram a ser consideradas
zodiacais.
Convém explicar que o zodíaco é um círculo ou faixa de 17 graus no céu,
que abrange toda a esfera celeste e que tem no centro a linha da
eclíptica. Foi desta forma, então, que o zodíaco acabou por ser premiado
com 13 regiões ou constelações, que são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer,
Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Ofiúco, Sagitário, Capricórnio, Aquário e
Peixes. Convém salientar novamente que para ser considerada zodiacal a
constelação deve ser atravessada pela linha da eclíptica, ou seja, o sol
deve cruzá-la ao longo do ano. Acontece que depois de passar por Libra e
Escorpião, o sol cruza Ofiúco de 30 de novembro a 17 de dezembro, antes
de entrar em Sagitário. Porém, esta passagem do sol por Ofiúco não é
considerada pela
astrologia.
Do modo como foi organizado o céu pela UAI, todas as treze constelações
ocupam espaços diferentes ao longo da linha da eclíptica, o que
significa dizer que a divisão do zodíaco em doze signos de trinta graus
cada um é puramente arbitrária e segue apenas a tradição dos povos
antigos. Ofiúco é uma constelação um tanto extensa, sendo conhecida
também por Serpentário. Na mitologia grega, este agrupamento de estrelas
estava associado a Esculápio, deus da medicina. Segundo a lenda,
Esculápio passou a dedicar-se à arte da cura após ver uma serpente
ressuscitar outra com algumas ervas que trazia em sua boca.
Esta é, inclusive, a origem do símbolo das ciências médicas: duas
serpentes enroladas num bastão. Ainda sobre esta constelação, diz-nos o
saudoso professor Amaro Seixas Netto:
"Em realidade, o Zodíaco atual tem treze constelações. Desde 1952, temos
adotado esta Constelação Zodiacal em nossos estudos, criando assim o
Zodíaco perfeito e exato sobre a Eclíptica. Esta descoberta decorreu
duma análise profunda do curso do Sol zodiacal, e deste modo propusemos a
sua notação na Faixa Zodiacal bem como criamos o seu signo, publicado
na Imprensa para registro. Pode observar-se que o Sol, no Zodíaco,
percorre pequena parte do Escorpião e logo entra no Ofiuco, para depois
ingressar em Sagitário." SEIXAS NETTO, A. O zodíaco. São Paulo : Editora
do Escritor, p[agina 60.
Para alguns astrólogos, a polêmica a respeito da existência de um 13°
signo não faz sentido, haja vista que não são as constelações lá no céu
que influenciam os seres aqui na Terra e sim energias cósmicas que tomam
como referência os signos tradicionais. Há também opiniões que procuram
justificar que tanto a cobra (Ofiúco) como o escorpião são animais que
trocam de pele, indicando uma personalidade sujeita a grandes
flutuações, e que, neste caso, Ofiúco vem a ter o mesmo significado
astrológico de Escorpião.
Portanto, apesar de termos 13 constelações zodiacais, com a inclusão de
Ofiúco, a divisão do zodíaco em doze signos, para efeito da astrologia,
segue a antiga tradição e não precisa levar em consideração as mudanças
estabelecidas pela UAI, o que muitos astrônomos consideram uma
imperfeição. E como a divisão do zodíaco em signos não apresenta nenhum
interesse prático maior para a astronomia, o surgimento de Ofiúco como
região zodiacal em nada deverá abalar as crenças e os estudos
astrológicos, pois os astrólogos sabem que suas concepções não partem
das constelações e sim dos signos, que são meras convenções.
Paulo Araújo Duarte. Professor de Astronomia do Departamento de
Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina. -
pduarte45@hotmail.com.
Autor: Sandra Regina da Luz Inácio
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/13967/1/a-polemica-do-13-signo/pagina1.html