sábado, 9 de setembro de 2023

Neymar quebra recorde de Pelé e Brasil goleia Bolívia na estreia das Eliminatórias

Começou com vitória e feito histórico a campanha do Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, jogo que marcou a estreia de Fernando Diniz no comando da Seleção.

 

Atuando no Mangueirão, em Belém do Pará, com cerca de 43 mil presentes, a seleção brasileira contou com dois gols de Rodrygo, um de Raphinha e dois de Neymar para vencer a Bolívia por 5 a 1 no encerramento da 1ª rodada do qualificatório sul-americano. Ábrego, que entrou no lugar de Marcelo Moreno, ex-Vitória, fez o gol de honra dos visitantes.

 

Com o resultado, o Brasil se juntou a Colômbia, Argentina e Uruguai, que também venceram na rodada. Por ter um saldo de gols maior, a seleção brasileira ocupa a primeira posição. Depois das equipes que conquistaram três pontos aparecem Paraguai e Peru, que ficaram no empate, seguidos por Venezuela, Chile, Equador e Bolívia.  

 

Com a expansão da Copa do Mundo de 2026 de 32 para 48 seleções, os seis primeiros colocados se classificam para o Mundial e o sétimo colocado joga a repescagem. Nas edições anteriores, os quatro primeiros se classificavam automaticamente e o quinto encarava a repescagem. 

 

Além do começo da "Era Diniz", a partida marcou o 78º e 79º gols de Neymar com a camisa da Seleção, superando Pelé em jogos considerados oficiais pela Fifa. Segundo a entidade máxima do futebol, o Rei tem 77, Ronaldo, 62, Romário, 55, e Zico 48, fechando o top 5 de maiores artilheiros da maior campeã de Copas. Considerando os gols de Pelé contra seleções e clubes, esses os quais a Fifa desconsidera, Pelé tem 99 tentos registados com a camisa do Brasil.

 

Essa foi a 24ª vitória da Seleção em 33 jogos contra a Bolívia. Houve ainda quatro empates e cinco triunfos bolivianos na história. Fechando a sua participação nesta janela de Eliminatórias Sul-Americas, o Brasil enfrenta o Peru, na próxima terça-feira (12), às 23h, no Estádio Nacional, em Lima. 

 

(Foto: Vitor Silva/CBF)

 

1° TEMPO 

 

A primeira escalação de Diniz na Seleção contou com nove remanescentes da Copa do Mundo do Catar. O zagueiro Gabriel Magalhães, que fez a sua estreia com a Amarelinha, e o lateral esquerdo Renan Lodi são os únicos que não estiveram no grupo que saiu eliminado nas quartas de final no Catar. 

 

NEYMAR PERDE PÊNALTI 

 

Aos 13 minutos, Rodrygo fez boa tabela com Neymar e chegou à linha de fundo. O jogador do Real Madrid fez o cruzamento, a bola bateu no braço de Adrián Jusino e o árbitro paraguaio Juan Benítez marcou a penalidade máxima. Na cobrança, Neymar parou no goleiro Guillermo Viscarra e perdeu a chance de assumir a liderança isolada da artilharia da Seleção. Ele está empatado com Pelé com 77 gols marcados. 

 

Algoz de Neymar, o arqueiro boliviano, Guillermo Viscarra, de 30 anos, começou a sua carreira no Vitória. Em 2013 e 2014, o jogador chegou a integrar o grupo profissional do Leão, mas não atuou em nenhuma partida.  

 

RODRYGO ABRE O PLACAR 

 

Aos 24 minutos, o Mangueirão explodiu após Raphinha receber belo passe de Danilo e finalizar para a defesa de Viscarra. No rebote, a bola bateu em Jusino e sobrou para Rodrygo abrir o placar. 

 

O cenário da partida não mudou após o gol da Seleção. Com amplo domínio da posse de bola, o Brasil criou uma nova chance de perigo aos 33 minutos. Raphinha avançou pela direita, cortou para o meio e bateu para a defesa de Viscarra. 

 

DEFESAÇA DE VISCARRA

 

Apesar da derrota boliviana, o goleiro Guillermo Viscarra seguiu sendo o nome da partida. Aos 36', Raphinha cruzou na medida para Richarlison, que cabeceou para baixo e exigiu uma excelente defesa do arqueiro do The Strongest. 

 

(Foto: Vitor Silva/CBF)

 

QUASE UM GOLAÇO DE NEYMAR 

 

Aos 40', Neymar pegou a bola no meio-campo e saiu fazendo fila. Com uma sequência de dribles, o camisa 10 ficou cara a cara com Viscarra, que defendeu mais uma vez. 

 

2° TEMPO

 

VOLTOU COM TUDO

 

Logo no primeiro minuto da segunda etapa, o Brasil ampliou a sua vantagem com Raphinha. O jogador do Barcelona dominou na área, cortou para o esquerdo e chutou no cantinho de Viscarra, que dessa vez não conseguiu evitar o gol brasileiro. 

 

RICHARLISON PERDE GRANDE CHANCE

 

Após espetacular passe de Neymar, Raphinha ajeitou de cabeça para Richarlison, que dominou dentro da área, cortou o marcador, mas chutou sobre o gol da Bolívia. Em má fase no Tottenham, onde marcou apenas 4 gols em 40 jogos,  o "Pombo" foi substituido aos 24 minutos do 2° tempo. Abatido, o atual camisa 9 do Brasil chorou no banco de reservas. 

 

RODRYGO DE NOVO

 

Aos 7’, Bruno Guimarães, do Newcastle, deu linda assistência para Rodrygo. O camisa 11 do Brasil teve frieza para vencer Viscarra e fazer o seu segundo gol na partida, o terceiro da Seleção. Esse foi o quarto gol de Rodrygo em 15 jogos vestindo a amarelinha. 

 

NEYMAR FAZ HISTÓRIA 

 

Foi aos 15 minutos que Neymar Júnior marcou o quarto gol do Brasil e entrou para a história ao ultrapassar o Rei Pelé e se tornar o maior artilheiro da seleção brasileira de futebol em jogos oficiais considerados pela Fifa. A bola se ofereceu dentro da grande área e o agora jogador do Al-Hilal, da Arábia Saudita, fez o seu 78° gol em 125 jogos com a Seleção. Segundo números da entidade máima do do futebol, Pelé tem 77, Ronaldo, 62, Romário, 55, e Zico 48, fechando o top 5 de maiores artilheiros da maior campeã de Copas. 

 

Considerando os gols de Pelé contra seleções e clubes, esses os quais a Fifa desconsidera, Pelé tem 99 tentos registados com a camisa do Brasil.

 

(Foto: Vitor Silva/CBF)

 

ÁBREGO ENTRA NO LUGAR DE MARCELO MORENO E FAZ GOL DE HONRA

 

Aos 32’, a Bolívia marcou o seu gol de honra com o atacante Ábrego, que entrou no lugar de Marcelo Moreno, ex-Vitória, e quebrou o recorde de jogador com mais partidas jogadas na história da seleção boliviana com 103 jogos. Ábrego ganhou de Gabriel Magalhães e finalizou bonito no ângulo esquerdo de Ederson. 

 

E TEVE O 79º

 

Neymar, que também perdeu um pênalti na partida, acertou uma bola na trave aos 35’. Após a jogada, o camisa 10 teve seu nome gritado pelos torcedores que lotaram o Mangueirão. O 79º gol do meia-atacante veio no finalzinho do jogo, aos 46’, sacramentando a goleada do Brasil por 5 a 1 na estreia das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, com sede nos Estados Unidos, México e Canadá. 

 

Antes do duelo em Belém, o Brasil, comandando por Ramon Menezes, vinha de apenas uma vitória nos últimos três amistosos que sucederam a queda brasileira para a Croácia nas quartas de final da Copa do Catar. De 25 de março a 20 de junho de 2023, a Seleção venceu Guiné e perdeu para Marrocos e Senegal.

 

FICHA TÉCNICA

 

Brasil 5x1 Bolívia

Eliminatórias sul-americanas - 1ª rodada

Data: 08/09/2023 (sexta-feira)

Local: Estádio Mangueirão, em Belém (PA) 

Horário: 21h45

Árbitro: Juan G. Benítez (PAR)

Assistentes: Eduardo Cardozo e Milcíades Saldivar (ambos do Paraguai)

VAR: Carlos P. Benítez (PAR)

Cartões amarelos: Marcelo Moreno, Neymar e Ursino.  

Gols: Rodrygo aos 24' do 1° tempo e 7’ do 2° tempo; Raphinha aos 2', Neymar aos 15’ e aos 46’ e Ábrego aos 32’ da 2ª etapa. 

 

Brasil: Ederson; Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães (Ibañez) e Renan Lodi (Caio Henrique); Casemiro, Bruno Guimarães (Joeliton) e Neymar; Raphinha, Rodrygo (Gabriel Jesus) e Richarlison (Matheus Cunha). Técnico: Fernando Diniz.

 

Bolívia: Viscarra; Quinteros, Jusino e Suárez; Medina, Villamil, Bejarano (Cuéllar), Cespedes (Ursino) e Fernandez (Roca); Arrascaita e Marcelo Moreno (Ábrego).


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/esportes/noticia/66544-neymar-quebra-recorde-de-pele-e-brasil-goleia-bolivia-na-estreia-das-eliminatorias

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Apresentador do Balanço Geral, Raimundo Varela morre aos 75 anos

Um dos grandes nomes da TV e rádio baiano, Raimundo Varela morreu nesta quinta-feira (7). O motivo da morte e maiores informações sobre o velório ainda não foram divulgados pela família. 

 

Varela tinha 75 anos e completaria 76 no dia 30 de novembro. Natural de Itabuna, veio para Salvador com os pais ainda criança e cresceu no bairro de Periperi, no subúrbio ferroviário. 

 

Ele dedicou mais de 40 anos à comunicação, com passagens pelo rádio e televisão, na Band e Record TV Itapoan. Na Sociedade da Bahia, fez da versão radiofônica do Balanço Geral uma das maiores audiências do segmento nas primeiras horas da manhã. 

 

Em 2006, problemas renais e de diabetes deixaram Varela entre a vida e a morte. Precisou ser internado às pressas no Hospital Aliança em Salvador e logo em seguida, transferido para o Hospital Osvaldo Cruz, em São Paulo. Três meses depois, foi submetido a um transplante de fígado e rim. 

 

Em 2008, Varela tentou ingressar na política e ensaiou uma pré-candidatura à prefeitura de Salvador pelo PRB.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/holofote/noticia/71012-apresentador-do-balanco-geral-raimundo-varela-morre-aos-75-anos

MPT resgata onze pessoas em situação de trabalhos similares ao escravo na Bahia

O Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou, durante o mês de agosto, onze pessoas em situação de trabalhos similares a escravidão na Bahia. Segundo o MPT, os resgatados estão entre empregadas domésticas, vigilantes e agricultores. Esta operação, Operação Resgate 3, ocorreu no mês de agosto em ação para o Dia Internacional para a Memória do Tráfico de Escravos e sua Abolição, instituído em 23 de agosto. 


A estatística de resgates na Bahia foi de: 

  • 1 empregada doméstica resgatada em uma residência em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia
  • 5 pessoas resgatadas em uma empresa em Cândido Sales, no sudoeste do estado, sendo que 3 trabalhavam na produção de carvão e 2 no plantio de mandioca
  • 5 vigilantes resgatados em uma empresa de segurança em Barra, no oeste da Bahia


Além dos casos deflagrados, houve a ocorrência de uma doméstica na Região Metropolitana de Salvador, que foi analisada pela MPT-BA mas não foi possível configurar o caso como "condição de degradação humana".


De acordo com o MPT, os detalhes da operação não podem ser divulgados em respeito à negociação dos casos. Informações como por exemplo se houve falta do pagamento de salários, atividades sem assinatura da Carteira de Trabalho, além das condições de higiene e alimentação às quais os trabalhadores eram submetidos. 


O caso dos vigilantes, em especial, chamou a atenção dos agentes, pois os trabalhadores faziam a segurança de uma fazenda. Eles viviam no local e dormiam em barracas de lona, sem acesso à água potável. O MPT informou que em negociação com a empresa de vigilância e a fazenda para garantir o pagamento dos funcionários, incluindo as verbas rescisórias e indenizações. Até o momento, ninguém foi preso. 


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/municipios/noticia/35817-mpt-resgata-onze-pessoas-em-situacao-de-trabalhos-similares-ao-escravo-na-bahia

Vacina diminui número de mortes e casos de Sarampo no mundo, aponta Opas

A adesão da vacina contra o sarampo influenciou a queda no número de mortes e casos de sarampo no Brasil e no mundo. De acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a vacinação contra o sarampo evitou cerca de 21, 1 milhão de mortes entre 2000 a 2017 no mundo. Antes da imunização, a doença matava 2,6 milhões por ano no mundo antes da existência da vacina. 

 

O aumento da imunização fez também com que a enfermidade fosse considerada menos fatal por médicos, especialistas e boa parte da população. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, uma em cada 20 crianças com sarampo podem evoluir para um quadro de pneumonia, que é a causa mais comum de morte por sarampo na infância. 

 

A pasta apontou ainda que cerca de uma em cada dez crianças com sarampo podem desenvolver uma otite aguda que pode resultar em perda auditiva permanente. 

 

Segundo publicação da Agência Brasil, o integrante da Comissão  Permanente de Assessoramento em Imunizações do Estado de São Paulo, Guido Levi afirmou que viu a transformação e mudança realizadas pela vacina. 

 

"O sarampo era uma das doenças mais graves que acometiam a infância e uma das que causavam maior mortalidade. Quando fui consultor do Hospital Infantil da Cruz Vermelha Brasileira, em São Paulo, no começo da década de 1980, metade do hospital era tomada por crianças com sarampo, e com altíssima mortalidade", relembrou Guido Levi.

 

O avanço da vacinação permitiu ainda que a enfermidade fosse “ eliminada” não apenas do Brasil, mas de todo o continente americano, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que considerou o continente o primeiro a se livrar da doença. 

 

A vacinação contra o sarampo no Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos em 2023, acontece por meio das vacinas tríplice viral e tetra viral. A primeira é aplicada quando a criança completa o primeiro ano de vida, e protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a segunda é indicada para os 15 meses de vida, com ao menos 30 dias de intervalo após a tríplice viral.

 

Já na tetra viral, além das três doenças da tríplice, a proteção está incluída a varicela, causadora da catapora na infância e da herpes zoster na vida adulta. Quando a tetra não estiver disponível no posto, ela pode ser substituída por uma dose da tríplice viral e uma dose da vacina varicela monovalente.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/30862-vacina-diminui-numero-de-mortes-e-casos-de-sarampo-no-mundo-aponta-opas

domingo, 3 de setembro de 2023

Quase 99% dos ultraprocessados têm ingredientes nocivos

Quase 99% dos alimentos ultraprocessados comercializados no Brasil têm alto teor de sódio, gorduras, açúcares ou aditivos para realçar cor e sabor, aponta um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).

 

Esses ingredientes estão presentes na quase totalidade de biscoitos, margarinas, bolos e tortas, achocolatados, bebidas lácteas e sorvetes, além de frios e embutidos e bebidas gaseificadas como os refrigerantes. Também são encontrados em refeições prontas, pizza, lasanha, pastelaria e outras bebidas açucaradas. A pesquisa avaliou quase 10 mil alimentos e bebidas das principais redes de supermercados de São Paulo e Salvador. As informações foram publicadas pela Agência Brasil.

 

A professora associada do Departamento de Nutrição Aplicada e do Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde do Instituto de Nutrição da Uerj, Daniela Canella, uma das autoras do estudo, alerta para a relação do consumo desses alimentos com o desenvolvimento de doenças crônicas.

 

“Eles estão associados a uma série de doenças crônicas e à obesidade, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer. Esse resultado de composição dos ultraprocessados reforça esses achados de relação de consumo desses alimentos e doenças crônicas. Por isso, os resultados são alarmantes”, disse a pesquisadora.

 

Daniela Canella defende que, além da indicação obrigatória para alimentos com alto teor de sódio, açúcar e gorduras, seria importante informar o indicativo de aditivos, que são os corantes, aromatizantes, emulsificantes, que alteram a cor, textura e aroma dos alimentos. Dessa forma, os consumidores poderiam identificar com mais facilidade os ultraprocessados e tomar a decisão sobre comprá-los ou não.

 

“Além da informação no rótulo, que a partir de outubro deste ano, passa a ser obrigatória para ‘alto em açúcar, gordura e sódio’, se os rótulos também tivessem a informação de que contêm aditivos com características cosméticas, facilitaria para que os consumidores pudessem identificar com mais facilidade o que são ultraprocessados”, afirmou a professora.

 

A pesquisadora destacou que os resultados da pesquisa são importantes para auxiliar as políticas públicas, como a proibição de alimentos ultraprocessados em cantinas escolares e outras agendas regulatórias, como a publicidade de alimentos.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/30851-quase-99-dos-ultraprocessados-tem-ingredientes-nocivos

Brasileiro mais escolarizado vê renda desabar e cai na informalidade

Os últimos dez anos foram trágicos em termos de renda e qualidade de empregos para os brasileiros que se esforçaram para estudar mais, terminar o ensino médio ou ingressar na faculdade. No conjunto dos trabalhadores, foram os que mais perderam.
 

Jovens e adultos que estudaram de 12 a 16 anos (ou mais) tiveram perda de renda mais acentuada que os menos escolarizados. Houve ainda abrupto aumento da informalidade entre eles, que atingiu também pessoas que estudaram de 9 a 11 anos.
 

A conclusão é de pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) com base em dados do IBGE, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC).
 

Os resultados revelam uma economia que cria predominantemente empregos de baixa qualidade e pouco produtivos. Isso empurra os mais escolarizados para vagas que pagam menos e que são, cada vez mais, informais —comprometendo o crescimento potencial do país.
 

No geral, despencou também a vantagem, em termos de rendimentos do trabalho, de quem estudou mais de 16 anos em relação aos brasileiros que passaram menos de um ano na escola.
 

Em 2012, o retorno positivo da educação na renda nessa comparação chegava a 641%. No segundo trimestre deste ano, o prêmio era de apenas 353%. Entre os que tinham de 12 a 15 anos de estudo (comparados aos com menos de um ano), o percentual caiu de 193% para 102%.
 

Nos mesmos dez anos (2012-2023), o rendimento médio dos que estudaram entre 12 e 15 anos recuou -11,2%. Para aqueles que estudaram 16 anos ou mais, o tombo foi ainda maior: -16,7%.
 

"O ensino superior está dando menos retorno no Brasil; uma novidade muito ruim. É um claro indicador de uma economia pouco dinâmica, com empresas pouco ativas, e com outras mais produtivas que não crescem", afirma Fernando Veloso, um dos autores do trabalho.
 

"Como essas empresas não evoluem por todas as mazelas que conhecemos —sistema tributário, infraestrutura, economia fechada—, o pessoal chega ao ensino superior, mas ou não tem trabalho ou o salário que esperava."
 

Além do ambiente de negócios em geral ruim, os pesquisadores afirmam que o desequilíbrio nas contas públicas é um dos principais fatores a empurrar os mais escolarizados para empregos de baixa qualidade.
 

Nos últimos oito anos, a relação entre a dívida bruta do país e o PIB (principal indicador de solvência) saltou 17 pontos, para 74,1%. Deficitário, o governo federal precisa pagar juros altos para se financiar, levando empresas e consumidores a se retrair.
 

Há poucos dias, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que incertezas sobre o compromisso do governo com a consolidação fiscal elevaram o juro de equilíbrio (capaz de manter os preços estáveis) de 3% para 4,5% ao ano —o que desestimula investimentos produtivos.
 

No início da década passada, a taxa de investimentos como proporção do PIB era de 19,3%. Hoje, é de 17,2%.
 

"É aquela história do engenheiro formado dirigindo Uber. Porque gerar um emprego para um engenheiro requer investimentos de muitos milhares de reais. O cara dirigindo Uber custa R$ 2.000 por mês na Localiza [onde aluga o veículo]. Assim, ele gera sua renda, o que é sinal de falta de dinamismo da economia", diz Fernando de Holanda Barbosa, outro dos autores.
 

É o caso do paulistano Fernando Siqueira, 39, formado em curso superior de Gestão da Tecnologia da Informação. Após se graduar em 2019, passou a trabalhar formalizado em uma empresa na área que pagava R$ 2.100 ao mês.
 

Depois, foi para uma terceirizada, recebendo R$ 3.400. Por fim, resolveu neste ano abandonar o setor e migrar para a Uber, ganhando R$ 6.000 líquidos ao mês (com um dia de folga na semana e um domingo a cada dois finais de semana).
 

"Tenho outros amigos com ensino superior nessa mesma situação", afirma.
 

Siqueira é exceção. Apesar de ter caído na informalidade, conseguiu aumentar seus rendimentos nos últimos dez anos. Na média, segundo o Ibre-FGV, a renda dos trabalhadores (formais e informais) com 16 anos ou mais de estudo caiu, entre 2012 e 2023, de R$ 7.211 para R$ 6.008, em valores corrigidos pela inflação.
 

Nesta mesma faixa superior de instrução, a informalidade dobrou entre 2015 (início da crise gerada ao final do governo Dilma Rousseff) e 2023: passou de 1,9 milhão de trabalhadores para 4,1 milhões. Os informais em relação ao total de ocupados com este nível de escolaridade aumentaram de 14% para 19,5% (+5,5 pontos percentuais)
 

Para aqueles com 12 a 15 anos de estudo, o rendimento médio (formal e informal) também caiu de 2012 a 2023, de R$ 2.630 para R$ 2.336. O total de informais nesta faixa subiu de 10 milhões para 14,9 milhões. Entre eles, a taxa de informalidade saltou 6,6 pontos, de 27% para 33,6%.
 

De 2012 a 2023, a renda do trabalho só aumentou para os menos escolarizados. Entre os que não chegaram a completar um ano de estudo, os rendimentos subiram 27,5%. Para eles, houve leve queda na taxa de informalidade, de 75,2% para 72,5%.
 

A maior parte do ganho deste segmento, no entanto, ocorreu a partir do começo de 2020, com a chegada da pandemia. Uma das explicações é que, com o isolamento social, houve valorização da mão de obra menos qualificada disposta a trabalhar naquele período.
 

Um atenuante nessas conclusões, segundo a equipe de pesquisadores (que inclui Janaína Feijó e Paulo Peruchetti) é que a proporção da população ocupada com mais de 12 anos de estudo passou de 49,8% para 66,5% de 2012 a 2023, tornando-se menos escassa. Isso aumentaria a concorrência entre os mais escolarizados, diminuindo salários.
 

"Mas, mesmo com o aumento da oferta [de pessoas mais educadas], o retorno da educação no mercado de trabalho não deveria estar caindo nessa magnitude", diz Veloso.
 

Na quinta (31), o IBGE anunciou que a taxa média de desemprego no trimestre encerrado em julho cedeu para 7,9%, a menor desde trimestre equivalente em 2014 (7%). Na sexta (1º), após resultado do PIB do segundo trimestre acima do esperado (+0,9% ante trimestre anterior), consultorias passaram a estimar o crescimento neste ano em 3%, com mais empregos.
 

"As pessoas olham o mercado de trabalho e acham que está bombando. Mas ainda não atingimos os rendimentos do pré-pandemia. Estamos gerando empregos ruins, que pagam pouco. Agora, essa novidade. Ela pega os com maior escolaridade, justamente os que pareciam mais protegidos", afirma Veloso.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/241939-brasileiro-mais-escolarizado-ve-renda-desabar-e-cai-na-informalidade