sábado, 16 de setembro de 2023

9 em cada 10 cidades têm menos de um psicólogo por mil habitantes no SUS

Nove em cada dez municípios brasileiros têm menos de um psicólogo e psicanalista no SUS a cada mil habitantes. A falta de profissionais restringe o acesso ao atendimento psicológico e ocorre apesar do aumento de transtornos, o que pode agravar o sofrimento mental da população.
 

O Brasil tem cerca de 439 mil psicólogos, segundo o CFP (Conselho Federal de Psicologia), o que resulta na média de 2 profissionais a cada 1.000 habitantes. Na rede pública, Iaras (SP) e Olaria (MG) são as únicas cidades a alcançar essa taxa.
 

São 5.050 cidades com cifra abaixo de 1. Os dados apontam que não há registros oficiais da presença de psicólogos na rede pública em pelo menos 400 cidades.
 

Em nível nacional, a média de psicólogos na rede pública a cada mil habitantes cai para 0,18. Na Inglaterra, cujo sistema público de saúde inspirou o SUS, a taxa é de 0,52, segundo dados de 2023 do Serviço Nacional de Saúde.
 

As informações são do Instituto República.org, dedicado a aprimorar a gestão de pessoas no serviço público brasileiro, com base em dados de janeiro de 2021 do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.
 

A distribuição de Caps (Centros de Atenção Psicossocial) também é baixa nos estados. Dezesseis têm média de centros abaixo da nacional, e sete têm menos de um Caps a cada 100 mil habitantes, segundo dados de 2022 do Ministério da Saúde.
 

A pasta afirma que aumentou em 27% o orçamento da rede de assistência à saúde mental no SUS em comparação ao ano passado, chegando a R$ 200 milhões. No próximo ano, o investimento será de R$ 414 milhões.
 

Só os mais ricos tinham acesso a psicólogos quando a profissão foi regulamentada no Brasil, em 1962. Segundo Pedro Paulo Bicalho, presidente do conselho de psicólogos, isso ocorria porque o atendimento em consultório privado era o único modelo de atuação.
 

"Era uma psicologia elitista, de escutar os problemas de quem podia pagar", afirma.
 

A introdução da área às políticas públicas ocorreu ao longo dos anos 1980, com os avanços do movimento antimanicomial. Em 2001, a reforma psiquiátrica mudou a forma de tratar pessoas com transtornos mentais, dando início ao fechamento de hospícios e, mais tarde, levando à criação dos Caps.
 

A Raps (Rede de Atenção Psicossocial) foi instituída em 2011, englobando os Caps, as UBS (Unidades Básicas de Saúde) e outros pontos de atenção à saúde mental.
 

Mas o reduzido número de psicólogos persiste por diversos fatores, incluindo remuneração e estrutura profissional, segundo Mariana Rae, coordenadora de projetos do Instituto Cactus, organização dedicada à saúde mental.
 

Muitas vezes, faltam condições de trabalho, como plano salarial, de carreira e mecanismos para o psicólogo se desenvolver. Esses mecanismos incluem suporte emocional, uma vez que o processo terapêutico é longo e exige uma dedicação extensiva.
 

"Não é uma coisa pontual, em que uma sessão resolve o problema da pessoa, e isso também diminui a disponibilidade para atender mais gente", diz Rae.
 

Hoje, quem deseja uma consulta com psicólogo deve ir a uma UBS relatar seu caso ao clínico geral, responsável pelo encaminhamento.
 

O número de pessoas que conseguem ser atendidas na psicologia é restrito, devido à alta demanda e ao quadro reduzido de profissionais. Assim, quem tem acesso está, em geral, em um estágio mais avançado do problema.
 

"A gente espera a pessoa adoecer muito gravemente para começar a oferecer esse serviço, quando precisávamos dar o cuidado enquanto ela ainda tem autonomia e consegue sair de casa", diz o presidente do CFP.
 

Mesmo quando o paciente é encaminhado, a fila para ser atendido costuma ser longa. No Rio, por exemplo, o tempo médio de espera para consulta com psicólogo é de três meses e meio, segundo dados deste ano do Sistema de Regulação da cidade.
 

Larissa Weber é psicóloga em uma clínica do Caps em Guaíba (RS), na região metropolitana de Porto Alegre. Na unidade, a equipe discute sobre a possibilidade de atender quem não foi encaminhado por um médico da UBS e está em estágio menos grave.
 

Ela diz que o centro oferece atendimento de acordo com o caso, considerando fatores como a rede de apoio e as condições socioeconômicas do paciente.
 

"Há uma lacuna de pessoas que se beneficiariam de um atendimento psicológico, mas não conseguem ter acesso. O paciente até pergunta: 'Então tenho que piorar para ser atendido?'", afirma.
 

Segundo Larissa, a cidade passou a ter psicólogos em alguns ambulatórios para casos mais brandos, o que pode ampliar o acesso. "Depende do município ter esse entendimento de colocar o psicólogo como prioridade", diz.
 

Os Caps cuidam mais dos casos graves, quando a doença afeta a autonomia. Isso inclui, por exemplo, o paciente que não consegue levantar da cama por ter uma depressão severa. Quem sofre com abuso de álcool ou drogas também é atendido.
 

No centro, o paciente tem acesso a consultas individuais, participa de grupos terapêuticos e é acompanhado por outros profissionais de saúde, incluindo psiquiatras.
 

Apesar dos benefícios, os Caps ainda são mal distribuídos pelo país, segundo Caroline Ballan, pesquisadora de políticas públicas de saúde mental no Instituto de Estudos Avançados da USP.
 

A regra é que, em cidades com 20 mil habitantes, deve haver pelo menos um centro de atendimento. Mas, na prática, muitos municípios carecem dessas estruturas.
 

O quadro se reflete na distribuição dos centros por estado. A média de Caps por 100 mil habitantes em São Paulo (0,99), no Distrito Federal (0,42) e no Rio de Janeiro (0,88) é menor do que a nacional (1,33), segundo dados de 2022 do Ministério da Saúde.
 

"Estamos muito longe do número ideal, então não temos cobertura. Isso mostra a precariedade do atendimento quando chega na ponta", afirma Ballan.
 

CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS PODE SER SOLUÇÃO
 

Em geral, profissionais da UBS são os primeiros a atender pacientes com transtornos. Por isso, os especialistas defendem que uma capacitação sobre saúde mental pode melhorar o acolhimento.
 

Segundo Mariana Rae, do Instituto Cactus, os agentes comunitários, por exemplo, podem exercer o papel de escuta e facilitar o encaminhamento para os profissionais especializados.
 

Ela cita o caso do Banco da Amizade, um projeto do Zimbábue que reúne pessoas de comunidades locais para atender pacientes com algum sofrimento mental. Rae diz que a taxa de sucesso é alta, com melhora do quadro de psicopatologias.
 

"Mas não é uma forma de dizer que a gente não necessita de um especialista. Pelo contrário: ao fazer isso, dedicamos esse profissional para aqueles casos que realmente precisam."
 

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que o atendimento em saúde mental tem caráter multidisciplinar. Segundo a pasta, a atenção primária realizou 10,9 milhões de atendimentos em saúde mental no primeiro semestre, e 28 Caps foram habilitados. O ministério diz que, embora financie programas, estados e municípios estabelecem suas prioridades.
 


 

CONHEÇA LOCAIS COM MENORES TAXAS DE PSICÓLOGOS E DE CAPS
 


 

Cidades com menores cifras de psicólogos por mil habitantes se concentram no Norte e no Nordeste; mais da metade está no Pará
 


 

Portel (PA): 0,014
 

Acará (PA): 0,015
 

Muaná (PA): 0,016
 

Monte Alegre (PA): 0,016
 

Tutóia (MA): 0,018
 

São Bento do Una (PE): 0,020
 

Brejo da Madre de Deus (PE): 0,020
 

São Mateus do Sul (PR): 0,022
 

Pacajá (PA): 0,022
 

Nossa Senhora da Glória (PA): 0,024
 


 

Caps têm menor concentração em estados do Norte, Sudeste e Centro-Oeste do país; Nordeste lidera a lista com maior número de centros
 

Distrito Federal: 0,42
 

Amapá: 0,57
 

Amazonas: 0,59
 

Espírito Santo: 0,8
 

Acre: 0,88
 

Rio de Janeiro: 0,97
 

São Paulo: 0,99
 

Pará: 1,07
 

Goiás: 1,12
 

Mato Grosso do Sul: 1,13


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/243850-9-em-cada-10-cidades-tem-menos-de-um-psicologo-por-mil-habitantes-no-sus

domingo, 10 de setembro de 2023

Goleada histórica: Vitória perde por 6 a 0 para o CRB no Estádio Rei Pelé

Jogando no Estádio Rei Pelé e contando com o apoio de uma "invasão" de torcedores rubro-negros que viajaram para Maceió, o Vitória foi derrotado por 6 a 0 pelo CRB, neste domingo (10), em partida válida pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. Os gols do jogo foram marcados por Lucas Lima, Fábio Alemão, Léo Pereira, Bruno Silva (duas vezes) e João Paulo. Apesar de não ter marcado, Anselmo Ramon, que jogou no Leão em 2019, foi um dos grandes nomes da partida com duas assistências, uma delas de calcanhar. 

 

Com o resultado, o Vitória estacionou nos 49 pontos, chegou ao terceiro jogo seguido sem vencer, mas ainda lidera a competição nacional. No momento, o Vitória está dois pontos à frente de Sport e Guarani, que somam 47 pontos cada. O Novorizontino, com 45 e um jogo a menos, fecha o G4 da Série B do Campeonato Brasileiro. Vila Nova e Criciúma com 45, Juventude e Atlético de Alagoinhas com 44 e CRB com 42 são os times mais próximos do grupo dos quatro primeiros colocados. 

 

A 27ª rodada da Série B termina nesta segunda (11) com o confronto entre Avaí x Novorizontino, às 20h30, na Ressacada, em Santa Catarina. A próxima partida do Vitória será contra o Avaí, no próximo dia 17, às 18h, no Barradão, pela 28ª rodada da Série B. Depois, o rubro-negro encara o Ituano, no dia 22, às 21h30, no Estádio Novelli Júnior, no interior de São Paulo. 

 

1° TEMPO 

 

SUSTO LOGO NO COMEÇO

 

A partida nem havia chegado aos 2 minutos quando Anselmo Ramon mostrou que estava inspirado. O atacante, que jogou pelo Vitória em 2019, arriscou de fora da área e obrigou Lucas Arcanjo a realizar grande defesa.

 

Com a camisa do Leão, Anselmo Ramon realizou 32 partidas, marcando seis gols e três assistências. 

 

DUDU LEVA CARTÃO E VIRA DESFALQUE

 

Aos 5 minutos, o árbitro Luiz Flávio de Oliveira deu cartão amarelo para o volante Dudu, do Vitória, por falta em Falcão. O jogador do Leão estava pendurado e virou desfalque para a partida contra o Avaí, no próximo domingo, no Barradão.

 

Pouco depois, aos 8 minutos, a bola sobrou na entrada da área para o mesmo Dudu. O volante chutou de perna esquerda e a bola passou ao lado da meta defendida pelo goleiro Diego Silva. 

 

DEFESAÇA DE LUCAS ARCANJO 

 

Aos 12', João Paulo bateu escanteio e Ramon, zagueiro ex-Vitória, cabeceou forte. O goleiro Lucas Arcanjo, com muito reflexo, realizou grande defesa. Ramon atuou pelo Vitória de 2015 a 2019, somando 204 partidas com a camisa do rubro-negro baiano.  

 

GRANDE CHANCE DE YAN SOUTO

 

O Leão respondeu também na bola parada. Após cruzamento de Thiago Lopes, aos 19 minutos, Yan Souto subiu e tocou de cabeça. A bola passou assustando o gol de Diogo Silva no que seria a maior chance de gol do Vitória na partida. 

 

LUCAS LIMA ABRE O PLACAR

 

Aos 23', o Galo de Alagoas tirou o zero do placar no Estádio Rei Pelé. Após jogada ensaiada, Anselmo Ramon recebeu dentro da área e bateu cruzado. No primeiro momento, a defesa do Vitória conseguiu evitar o gol de Ramon. A bola bateu no travessão e sobrou para Lucas Lima completar para o fundo do gol.

 

APAGÃO RUBRO-NEGRO NO FIM DO 1° TEMPO

 

Já nos acréscimos da 1ª etapa, a situação do Vitória na partida ficou extremamente complicada após Fábio Alemão, com passe de Anselmo Ramon, ampliar o placar sozinho na pequena área do Vitória.

 

Logo depois, aos 50', o CRB fez o terceiro gol no Rei Pelé. Em contra-ataque rápido, Anselmo Ramon, de novo ele, tocou de calcanhar para Léo Pereira que invadiu a área e bateu no canto esquerdo de Lucas Arcanjo. 

 

2° TEMPO  

 

Após levar 3 a 0 na primeira etapa, o técnico Léo Condé promoveu duas alterações na equipe do Vitória. Thiago Lopes e Mateus Gonçalves saíram para as entradas de Wellington Nem e Zé Hugo.

 

Aos 5 minutos, Wagner Leonardo roubou a bola na entrada da área e passou para Wellington Nem enfiar para Zé Hugo invadir a área e chutar para defesa de Diogo Silva. Foi a primeira chance do Leão na segunda etapa. 

 

WAGNER LEONARDO QUASE DIMINUI

 

Aos 20’, Osvaldo cobrou falta na cabeça de Wagner Leonardo, que cabeceou e obrigou Diogo Silva a realizar uma grande defesa. 

 

DEMOROU, MAS O QUARTO SAIU

 

Em mais um passe brilhante de Anselmo Ramon, Bruno Silva arrasou pela esquerda, invadiu a área e chutou para a defesa de Lucas Arcanjo. O camisa 9 do CRB voltou a aparecer aos 31 minutos, com uma cabeçada que exigiu grande defesa de Lucas Arcanjo. No rebote, o goleiro rubro-negro não conseguiu evitar o gol de Bruno Silva, o quarto do Galo diante do Leão. 

 

CINCO A ZERO

 

Aos 35’, a goleada ficou ainda maior. Em cobrança de bola parada, Hereda recebeu nas costas de Marcelo e cruzou rasteiro para João Paulo, completamente livre, fazer o quinto.

 

TRÊS VIRA, SEIS ACABA

 

Goleada histórica. Aos 38', em novo contra-ataque, Hereda cruzou para Bruno Silva fazer o sexto do CRB. Foi o segundo gol do atacante na partida. 

 

COM DIREITO A OLÉ NO REI PELÉ 

 

Com o seis a zero no placar, a torcida do CRB, presente em peso no Estádio Rei Pelé, começou a gritar olé com sequências de passes do Galo Alagoano, que seguiu mandando na partida até o fim do jogo.

 

Essa foi a oitava derrota do Vitória em 27 partidas da Série B até agora. Fora de casa, a equipe comandada por Léo Condé vem de quatro rodadas sem conseguir vencer, somando cinco vitórias, três empates e seis derrotas em 14 partidas. 

 

FICHA TÉCNICA

CRB 6x0 Vitória

Série B - 27ª rodada

Local: Estádio Rei Pelé, em Maceió (AL)

Data: 10/09/2023 (domingo)

Horário: 18h

Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)

Assistentes: Miguel Cataneo Ribeiro da Costa e Leandra Aires Cossette (ambos de SP)

Quarto árbitro: Jonata de Souza Gouveia (AL)

VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP-Fifa)

Cartões amarelos: Dudu, João Paulo, Fábio Alemão, Anselmo Ramon e Yuri Castilho

Gols: Lucas Lima aos 23', Fábio Alemão aos 47' e Léo Pereira aos 50' do 1° tempo; João Paulo aos 35' e Bruno Silva aos 31 e aos 38' do 2° tempo. 

 

CRB: Diogo Silva, Hereda, Fábio Alemão, Ramon (Gum), Matheus Ribeiro, Falcão (Juninho Valoura), Lucas Lima (Auremir), Léo Pereira, João Paulo, Renato (Bruno Silva) e Anselmo Ramon (Rômulo).

 

Vitória: Lucas Arcanjo; Yan Souto, Camutanga, Wagner Leonardo, Marcelo, Rodrigo Andrade (Gegê), Dudu, Thiago Lopes (Wellington Nem), Mateus Gonçalves (Zé Hugo), Osvaldo (Matheuzinho) e Iury Castilho (Léo Gamalho).


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/esportes/vitoria/26899-goleada-historica-vitoria-perde-por-6-a-0-para-o-crb-no-estadio-rei-pele