Rio de Janeiro – O Comitê Popular da Copa e das Olimpiadas do Rio de
Janeiro está organizando uma manifestação para domingo (30), no entorno
do Maracanã, estádio que as seleções do Brasil e da Espanha disputam, às
19h, a final da Copa das Confederações. As entidades que compõem o
comitê vão protestar, sobretudo, contra o processo de urbanização do Rio
de Janeiro para os dois megaeventos, que, segundo elas, envolveu
remoções forçadas e violação de direitos humanos, e contra a
privatização do Maracanã.
Hoje (28), em entrevista coletiva, os coordenadores do ato
informaram que a concentração será na Praça Saens Peña, a cerca de 1
quilômetro do Maracanã, de onde os manifestantes se dirigirão ao
estádio. Depois de anunciarem suas reivindicações, eles vão se dispersar
na Praça Afonso Pena, no mesmo bairro.
O representante da organização Justiça Global e membro da
articulação do comitê, Renato Cosentino, disse esperar que não haja
qualquer impedimento por parte da polícia na chegada do Maracanã. Ele
ressaltou que, se houver bloqueios nas imediações do estádio, a
orientação é não furá-los. “O movimento é pacífico. Este é nosso quinto
ato, e não temos nenhuma intenção de atrapalhar o jogo." Cosentino
explicou que o objetivo é chegar ao Maracanã, como nas outras
manifestações. "Esperamos ter garantia de fazer essa manifestação, é um
direito constitucional nosso."
O movimento reivindica, sobretudo, a interrupção do que chamaram de
elitização e privatização do Maracanã, fim do processo de demolição do
Parque Aquático Julio De Lamare e do Estádio de Atletismo Célio de
Barros, que fazem parte do complexo desportivo do Maracanã, e da Escola
Municipal Friedenreich, no entorno da arena.
“O Maracanã agora só tem 75 mil lugares, as áreas VIPs
[áreas exclusivas] se multiplicaram, e o preço das entradas subiu muito.
Além disso, estão retirando pessoas pobres das áreas centrais e nobres
para lugares mais distantes, e tudo isso com recursos públicos para os
jogos”, lamentou Cosentino. “Estão transformando o Maracanã em um shopping.
O Julio De Lamare e o Célio de Barros eram aproveitados diariamente por
cerca de 10 mil pessoas que ali se exercitavam, usando-os como
equipamentos de saúde. Tirar esses espaços para transformá-los em
estacionamento, que é a proposta do projeto de privatização, é um
absurdo”, completou.
Gustavo Mehl, também integrante do Comitê Popular da Copa no Rio,
lembrou que protestos paralelos ocorrerão durante todo o domingo em
outras áreas da cidade. Ele espera que as manifestações pressionem as
autoridades para que ajam de forma mais transparente e democrática, já
que, pelas vias legais, as reivindicações sociais não têm sido ouvidas
ou acatadas. “Temos uma série de liminares que foram apreciadas
diretamente pela presidência do Tribunal de Justiça, que derrubou todas
as que tiveram parecer favorável dos juízes de primeira instância.”
Ele informou que a articulação enviou ao Comitê Olímpico
Internacional e à Federação Internacional de Futebol (Fifa) documento
com denúncias sobre irregularidades nas remoções, mas, até o momento,
não obteve resposta. “Em relação ao Maracanã, em dezembro de 2012,
entregamos um documento listando todas as violações, ilegalidades e
arbitrariedades que aconteciam no complexo do maracanã à comitiva do
Jérôme Valcke [secretário-geral da Fifa].”
O Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas reúne representantes de
comunidades, movimentos sociais, organizações e entidades diversas e de
pessoas que contestam a forma como estão sendo geridos os recursos
públicos e realizadas as obras de infraestrutura nas 12 cidades-sede da
Copa do Mundo de 2014, e no Rio de Janeiro, onde serão realizados os
Jogos Olímpicos de 2016.
Edição: Nádia Franco
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative
Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário
apenas dar crédito à Agência Brasil
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-06-28/comite-popular-da-copa-anuncia-protesto-domingo-no-entorno-do-maracana