Pouca inteligência emocional e vontade de ter mais autoridade podem levar à síndrome do pequeno poder
Até ontem, ele era apenas um colega de trabalho. Mas bastou receber uma
pequena promoção para que o poder lhe subisse à cabeça. Mesmo não sendo
seu chefe, ele passa a lhe pedir tarefas que não são de sua obrigação,
começa a te tratar com arrogância e não perde uma oportunidade de
vangloriar-se de seu novo status. Esse comportamento é conhecido como a
"síndrome do pequeno poder".
"Isso acontece com alguém que perde a razão e passa a agir como um
imperador, ultrapassando os limites da autoridade", diz a professora
Janaina Ferreira, especialista em gestão de equipes e pessoas do Ibmec
do Rio de Janeiro.
E esse poder nem sempre é real. É o caso do funcionário que está no cargo hierárquico mais baixo da empresa, mas abusa de estagiários ou colegas recém-contratados. "É um desvio de comportamento. A pessoa não tem poder nenhum, mas ao fantasiar ter, age como se tivesse e acaba puxando o próprio tapete, pois mostra que é inadequada para ocupar um cargo de liderança", diz Janaina.
E esse poder nem sempre é real. É o caso do funcionário que está no cargo hierárquico mais baixo da empresa, mas abusa de estagiários ou colegas recém-contratados. "É um desvio de comportamento. A pessoa não tem poder nenhum, mas ao fantasiar ter, age como se tivesse e acaba puxando o próprio tapete, pois mostra que é inadequada para ocupar um cargo de liderança", diz Janaina.
Quando a síndrome do pequeno poder toma conta de alguns funcionários, é
sinal de que falta um chefe que encare o problema. "O líder que não
gosta de tomar decisões ou de delegar tarefas adora que alguém assuma
suas funções. Quando ele se omite, aquele que gosta de poder assume suas
atribuições e um terceiro fica oprimido", afirma Janaina. "Isso causa
conflitos e deteriora relacionamentos interpessoais", diz.
Quem sofre da síndrome
O tipo de funcionário que está sujeito a sofrer da síndrome do pequeno
poder é aquele com baixa inteligência emocional, pouco autoconhecimento e
que está insatisfeito com a posição que ocupa. "Se o que ele deseja não
lhe é concedido por meio de uma promoção, ele faz sua fantasia de
autoridade virar real ao oprimir alguém", explica Janaina.
Segundo a professora Renata Maglioca, do Progep (Programa de Estudos em
Gestão de Pessoas) da FIA (Fundação Instituto da Administração), há
pessoas que têm como grande propósito profissional ter status e usar o
trabalho como forma de vivenciar o poder.
"Por ter tanta ânsia por comandar, quando consegue, não sabe fazê-lo
de maneira madura e segura", diz Renata. A exposição e as cobranças que
vêm junto com a autoridade podem perturbar o recém-promovido, que tenta
camuflar o problema fazendo com que os outros também se sintam
inseguros.
A prepotência também pode ser consequência da influência de referências
ultrapassadas sobre hierarquia: aquela em que o chefe é a pessoa que
não pode ser questionada e sempre tem razão. "Hoje, o mercado de
trabalho não espera esse tipo de liderança", afirma Renata.
Como lidar com colega assim?
Se o colega lhe pede para fazer determinada tarefa, vale ser
cooperativo e ajudá-lo. Mas se a situação se repete com frequência e ele
age com arrogância ao pedir auxílio, é preciso saber dizer que você não
pode ajudá-lo em alguns momentos –mesmo que esteja com tempo sobrando.
"Se ele não é seu chefe, não determina quando você deve fazer algo ou
não", afirma Janaina. "Só existe um opressor se o oprimido permitir.
Você não pode acatar ordens descabidas. Gentilezas todos fazemos, mas há
limites", diz ela.
A princípio, Renata, do Progep, acredita que é necessário mostrar para o
colega autoritário que você está do lado dele, sem se afastar. Se nada
mudar, proponha uma conversa franca. Se ainda assim a questão não for
resolvida, leve o problema ao superior ou RH. "Tem gente que diminui a
autoestima do outro para poder crescer. E não dá para ficar passivo se a
situação te incomoda ou é destrutiva para a equipe", diz ela.
Você sofre da síndrome?
Como são raras as empresas que preparam o funcionário para a promoção,
ninguém está livre de ser acometido pela síndrome do pequeno poder. Para
administrar bem uma posição de liderança, os especialistas recomendam
buscar cursos de gestão.
Para Renata, a primeira coisa que se deve fazer ao conquistar um cargo
mais alto é ter consciência de que há um risco de mais cobranças e que é
normal sentir insegurança. "Se você tem essa clareza, terá
tranquilidade de dizer ao outro que precisa de ajuda. Você não precisa
saber tudo e deve reconhecer isso", afirma.
Para a psicóloga Ana Cristina Limongi-França, professora do departamento de administração da FEA-USP, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho e coordenadora da FIA, entender a cultura da empresa, saber interagir com seus subordinados e ter diálogo com um chefe, para pedir orientações, são medidas fundamentais.
Para a psicóloga Ana Cristina Limongi-França, professora do departamento de administração da FEA-USP, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho e coordenadora da FIA, entender a cultura da empresa, saber interagir com seus subordinados e ter diálogo com um chefe, para pedir orientações, são medidas fundamentais.
Fonte: http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2013/02/05/sindrome-do-pequeno-poder-e-consequencia-de-chefe-omisso.htm