Depois de anos de discussão e muita polêmica, o SINIAV (Sistema
Nacional
de Identificação Automática de Veículos), criado pelo governo federal
para identificar eletronicamente automóveis, caminhões e motos, começará
a ser implantado em julho no país. O trabalho caberá aos Detrans de
cada estado que terão dois anos para instalar a etiqueta eletrônica na
frota nacional, estimada hoje em 70 milhões de unidades.
O objetivo é facilitar a fiscalização nas vias e possibilitar a
implantação de vários serviços além de organizar o trânsito nas grandes
cidades,
mas o tema assusta a sociedade que teme ter sua privacidade invadida.
Governo não diz ainda, mas custo do equipamento, se repassado ao
consumidor, pode passar de R$ 20.
“Muita gente confunde o SINIAV com o SINRAV que previa a
instalação de rastreadores GPS nos carros”, explica Dario Sassi Thober,
fundador do Instituto Wernher Von Braun, que desenvolveu a tecnologia
dos chips que serão usados nos veículos. “A tag eletrônica está longe
disso, ela apenas guarda uma chave criptografada que é alterada a cada
passagem pelos pórticos (pontos onde estão os sensores)”, completa.
Thober também lembrou que o sistema é o mesmo utilizado em outros países
e possui certificação mundial contra fraudes. Só pode ser lido pelas
antenas oficiais, ou seja, não basta captar sua frequência de
funcionamento para
acessar
os dados. Por falar nisso, ao contrário da impressão geral, o chip (ou
tag, como prefere chamar o criador) não carrega nenhuma informação
pessoal ou do veículo.
O cruzamento de informações se dá no ambiente dos órgãos oficiais: “é
como a placa do carro, mas mais segura já que não fica exposta a
qualquer pessoa”, lembra o físico. Eis uma das vantagens do sistema, a
leitura mais ágil e barata que a da rede de radares e leitores de placas
que existem atualmente no Brasil, “além de ser mais segura já que não
há como burlar o sistema”, diz.
Se o governo conseguir avançar com a proposta do SINIAV, em 2014
todos os veículos que circulam no país passarão a ter a “placa
eletrônica”. A princípio, o preço do item será pequeno: “o custo de
produção da tag é baixo, varia entre US$ 6 a US$ 12”, diz Thober. E o
valor deve cair mais com a produção em massa e a adoção de placas de
silício que simplificariam ainda mais o processo.
Dario enxerga na tecnologia outras aplicações além dos carros: “a
utilidade da etiqueta é enorme: podemos acompanhar o movimento de
mercadorias em trânsito para evitar roubos e reduzir a burocracia, como é
previsto em outro projeto, o Brasil ID”, prevê. Espera-se que além da
tecnologia exista bom senso no poder público em preservar as informações
do cidadão.
Realidade muda nas rodovias
A situação para os motoristas começará a mudar em abril quando as
concessionárias de estradas paulistas passarão a instalar os pórticos,
segundo determinação do governo estadual. Ao mesmo tempo, empresas como o
Sem Parar e outras a serem habilitadas, substituirão os atuais
equipamentos pela nova tag, em sintonia com a nova determinação.
Controle de velocidade
Claro que o temor de ser vigiado o tempo todo existe e, de fato,
poderá acontecer. Carros com multas ou impostos atrasados serão
identificados com mais facilidade e poderiam na teoria ser localizados
em uma barreira policial.
O sistema de chip também pode em tese identificar um veículo acima da velocidade máxima num trecho mais extenso.
Em vez de medir a velocidade apenas no instante em que automóvel passa
pelo sensor, como acontece hoje, no novo sistema é possível cronometrar o
tempo que ele levaria entre um pórtico e outro e, caso ele fosse menor
que o do limite de velocidade, estaria configurada a infração.
Ou seja, não bastaria apenas desacelerar ao ver um radar. Caso alguém
resolva retirar o chip, há um recurso de segurança que invalida o
aparelho.
Carros que não possuírem a etiqueta receberão multa grave e perda de 5
pontos na carteira. O governo também estuda manter as informações
levantadas pelos sensores por alguns dias a fim de ajudar a polícia na
localização de carros usados em sequestros ou fugas.
Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=108940
revistaautoesporte.globo.com