Tapumes cercaram a área destinada ao público, com cerca de 500 metros de extensão, e barreiras
Os dois principais circuitos do carnaval de Salvador, o Dodô
(Barra-Ondina), na Orla, e o Osmar (Campo Grande), no Centro, serão
"fechados" e terão acessos controlados pela Prefeitura e pela Polícia
Militar. A medida será oficialmente anunciada na próxima segunda-feira,
13.
A novidade é baseada na experiência da festa de réveillon na cidade,
que durou quatro dias e atraiu 400 mil pessoas a um local pouco
acostumado a eventos de grande porte na cidade, a Praça Visconde de
Cairu, no Comércio, sem quem tenham sido registrados incidentes graves
de segurança.
No caso da virada do ano, o procedimento foi simples. Tapumes cercaram a
área destinada ao público, com cerca de 500 metros de extensão, e
barreiras, chamadas "pórticos" pela administração pública, foram
instaladas nas extremidades, com policiais revistando os visitantes, com
uso de detectores de metais. Dezenas de facas, garrafas de vidro e
outros objetos cortantes foram recolhidos.
A criação do perímetro controlado também permitiu aos fiscais da
prefeitura acompanhar o trabalho dos vendedores ambulantes cadastrados e
coibir a venda de produtos não autorizados - como cervejas de marcas
diferentes das fornecidas pelo patrocinador da festa.
O desafio para o carnaval, porém, é maior. "Serão 65 pórticos ao longo
dos arredores dos circuitos, 30 deles no Barra-Ondina e 35 no Campo
Grande, onde há mais ruas de acesso", diz o secretário municipal de
Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani. "A ideia é que
qualquer pessoa que queira acessar os circuitos tenha de passar pelos
pórticos."
De acordo com o secretário, além dos trabalhos de segurança preventiva e
de fiscalização, os pórticos serão também os locais de divulgação de
ações sociais e de merchandising por parte das empresas patrocinadoras.
"O pessoal que estiver trabalhando para divulgar programas como o 'se
beber não dirija', por exemplo, estará nos pórticos", conta. "Estamos
esperando um fluxo diário de entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas nos
circuitos."
Exclusividade comercial
Para Bellintani, o "envelopamento" dos circuitos, com a criação do que
foi chamado de "zona de exclusividade comercial" pela administração
pública, é necessário para que a prefeitura atinja o objetivo de não ter
gastos públicos para realizar a festa.
"Ele nos permite ter maior controle de segurança, mais ordenamento das
ações e maior padronização da festa", avalia o secretário. "Dentro das
áreas dos circuitos, teremos 4 mil fiscais, atuando na verificação dos
trabalhos dos 3,5 mil vendedores ambulantes cadastrados e dos blocos e
camarotes do carnaval."
De acordo com ele, as polêmicas que podem ser criadas após o anúncio
oficial do plano "são naturais" e "esperadas". "A criação da zona de
exclusividade comercial é nosso grande trunfo para atrair patrocinadores
e elevar os valores das cotas", diz o secretário.
As cotas tiveram o valor dobrado, na relação com as vendidas no ano
passado. Banco Itaú, Brasil Kirin (Schin), Grupo Petrópolis (Itaipava),
Petrobrás e Governo da Bahia são os patrocinadores oficiais da festa,
este ano. A arrecadação da Prefeitura com as cotas deve ficar em torno
de R$ 30 milhões.
"Até o ano passado, o déficit da festa para a Prefeitura beirava os R$
20 milhões", justifica o gestor. "Se o preço para que a cidade deixe de
gastar dinheiro público com o carnaval for o folião não ter maior
liberdade para escolher a cerveja que vai beber, me parece um preço
justo, do ponto de vista da administração pública."
Bellintani afirma, porém, que o modelo pode ser revisto após a festa.
"Será um primeiro ano de experiência, que será avaliada depois do
carnaval", conta. "Mas esperamos um resultado positivo."
Fonte: http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/materias/1560790-carnaval-de-rua-de-salvador-tera-acesso-controlado?direcionado=true