quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

SEGUNDO PRIMATA MAIS RARO DO MUNDO É FLAGRADO NO VIETNÃ EM REGISTROS EXCLUSIVOS

Recentemente, pesquisadores conseguiram imagens preciosas de gibões cao-vit (Nomascus nasutus), o segundo primata mais raro do planeta, exibindo-se por uma floresta no Vietnã. Dois adultos e um filhote foram observados brincando juntos na copa das árvores antes do mais jovem desaparecer em meio às folhagens. A espécie apresenta dimorfismo sexual, onde os machos são pretos e as fêmeas apresentam pelagem marrom ou amarela.

Acredita-se que os gibões cao-vit, também conhecidos como gibões-de-crista-negra-oriental, totalizem apenas cerca de 135 indivíduos na natureza, e são classificados como criticamente ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Esses primatas foram considerados extintos até 2002, quando sua população remanescente foi redescoberta por cientistas em um pequeno pedaço de floresta na fronteira com a China.

Animais único

O nome "cao-vit" foi dado para essa espécie de gibão porque eles defendem seu território cantando, sendo uma das quatro espécies raras de gibão encontradas no Vietnã, segundo a Fauna & Flora International. Os gibões tornaram-se tão reduzidos em número por conta da perda e degradação do seu habitat, que foi atingido pelo pastoreio de gado e a destruição da floresta para a extração de lenha.

Da década de 1960 até a década de 2000, não houve avistamentos confirmados desses incríveis macacos, o que levou aos pesquisadores considerá-los extintos. Contudo, em 2002, uma pequenina população foi redescoberta por dois biólogos da Fauna & Flora em uma floresta cárstica do distrito de Trung Khanh, no nordeste do Vietnã. Até 2006, a espécie era considerada endêmica do país, quando também foi encontrada em uma pequena floresta da província de Guangxi, na China. 

Conhecidos como os "segundos primatas mais raros do mundo", os gibões cao-vit só ficam atrás de outra espécie de gibão: os gibões-de-Hanai, que contam com uma população de apenas 28 indivíduos em uma floresta tropical na Reserva Natural Nacional de Bawangling, no oeste de Hainan. "O gibão de Hainan (Nomascus hainanus) é o macaco mais raro do mundo, o primata mais raro do mundo e, quase certamente, também o mamífero mais raro do mundo", disse o pesquisador sênior da Sociedade Zoológica de Londres, Samuel Turvey, em entrevista à BBC.

Esforços de conservação

(Fonte: Nguy?n Van Tru?ng/Fauna & Flora/Reprodução)(Fonte: Nguy?n Van Tru?ng/Fauna & Flora/Reprodução)

O gibão cao-vit é classificado como separado de outros "gibões-de-crista" com base em dados moleculares relativamente recentes, coloração da pelagem e diferenças na sua comunicação vocal. Para se ter ideia, até alguns anos atrás, ele havia sido considerado coespecífico do gibão de Hainan. Contudo, o sequenciamento do gene mitocontrial do citocromo b revelou que as duas espécies possuíam algumas características marcantes, sendo caracterizados como animais distintos.

Nos últimos anos, pesquisadores têm trabalhado arduamente para aumentar lentamente a população dos cao-vits, protegendo os indivíduos restantes das ameaças e trabalhando com autoridades da China e do Vietnã para salvá-los. Em 2012, os governos de ambos os países assinaram um acordo para ajudar a conservar o habitat desse primata ameaçado. 

Fonte: https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128489-segundo-primata-mais-raro-do-mundo-e-flagrado-no-vietna-em-registros-exclusivos.htm

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

PARA SE ALIMENTAR, ASTRONAUTAS TERÃO QUE LEVAR MOSCAS EM EXPEDIÇÕES A MARTE

Já pensando nas futuras missões a outros planetas, uma preocupação para as agências espaciais tem sido a alimentação. Quem conhece a rotina das missões espaciais atuais sabe que muitos dos alimentos que os astronautas consomem são liofilizados, ou seja, comida desidratada em pó. Agora, uma nova solução foi acrescentada à produção de alimentos: moscas soldado-negro.

Calma, não estamos falando em algum tipo de "entomofagia", como a praticada em vários países da Ásia e da África. O interesse dos cientistas não é nas moscas em si, mas sim nas suas fezes. A ideia é que esse material orgânico seja usado como fertilizante em futuras expedições ao planeta Marte.

Missões de longa duração no planeta vermelho exigirão uma longa permanência em um mundo inóspito e constituído basicamente por rochas granulares e sedimentos de rocha. Nesse cenário, a única alternativa de sobrevivência viável é que os astronautas cultivem os seus próprios alimentos e gerenciem seus resíduos.

As moscas soldado-negro como solução para alimentação em Marte

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Para aprender a gerenciar o frass, nome dado ao resíduo fecal produzido pelas moscas, os cientistas alimentaram moscas soldado-negro (Hermetia illucens). Segundo a pesquisadora Hellen Elissen, da Universidade e Pesquisa de Wageningen na Holanda, "elas são comedoras muito vorazes. E se você as alimentar bem, produzirão muito frass."

Conforme a pesquisa, publicada no ano passado, "o frass da mosca soldado negro, resultante da bioconversão de materiais orgânicos pelas larvas de Hermetia illucens, pode ser usado como fertilizante". Isso acontece porque esse material é rico em nitrogênio, potássio, fósforo, quitina, além de mais bactérias.

O frass reflete exatamente o que as moscas comem, diz Elissen. Ou seja, quando elas comem apenas grama, o fertilizante não fica muito potente. Mas, quando ingerem alimentos mais energéticos, o frass produzido por esses insetos se torna de alta qualidade para o plantio.  

O uso do frass em outros planetas

(Fonte: Twentieth Century Fox/Reprodução)(Fonte: Twentieth Century Fox/Reprodução)

O uso de excrementos da mosca soldado-negro mostrou notáveis semelhanças com esterco de vaca, dejetos líquidos de suínos e esterco de aves, porém com maior teor de matéria orgânica do que todos os fertilizantes orgânicos citados. Para o estudante da Universidade A&M do Texas, Emmanuel Mendoza, essas características o animaram a utilizar o frass das moscas como um catalisador no campo da agricultura espacial.

Para testar suas hipóteses, Mendoza cultivou ervilhas em um solo parecido com o regolito marciano, misturado a rochas e minerais granulados. Nesse cenário hostil, o estudante adicionou o frass. 

A ideia é criar uma espécie de compostagem marciana, na qual as larvas seriam levadas ao espaço e comeriam os resto de alimentos dos astronautas, produzindo frass para fertilizar e "domesticar" o solo marciano, até que ele pudesse produzir alimentos. Moídas, as próprias larvas dos insetos poderiam ser utilizadas como fontes de nutrientes pelos astronautas, sugere o graduando.

Fonte: https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128490-para-se-alimentar-astronautas-terao-que-levar-moscas-em-expedicoes-a-marte.htm