O jornalista Gilberto Dimenstein, que participou na noite da última segunda-feira de sabatina da Folha, afirmou que uma das principais maneiras de melhorar a educação no país é investir nos professores.
“Além da má formação, e os cursos de licenciatura são uma tragédia, quem é que quer entrar num ambiente com violência e que não é reconhecido?”, disse ele sobre a situação de professores de escolas públicas.
Para Dimenstein, os professores deveriam ser mais preparados e atentos à geração a que ensinam. Ele afirma que os docentes, atualmente, estão muito distantes dos alunos do ponto de vista da tecnologia (internet, redes sociais, celulares etc.), mas, ao mesmo tempo, critica a visão de alguns educadores que acreditam que a tecnologia, sozinha, pode melhorar a educação.
Dimenstein defende que os professores saibam estimular os alunos e, assim, produzir o conhecimento. Para ele, se houvesse apenas duas disciplinas a serem ensinadas na escola, deveriam ser artes e filosofia.
Segundo o jornalista, a atual geração está acostumada com a velocidade da informação, mas não com a profundidade, o que os prejudica no mercado de trabalho. Mas ele criticou os pais que colocam os filhos na escola já pensando no mercado, porque isso tira da criança a brincadeira.
A boa escola, para ele, é aquela que desperta a curiosidade e desenvolve a capacidade de resolver problemas. “Você não pode formar uma pessoa pensando no futuro. Você forma pensando no presente.”
Distância
Questionado pela plateia sobre as graduações de baixa qualidade, Dimenstein afirmou que os cursos devem ser fiscalizados. De acordo com ele, se for mantido o ritmo atual, em dois anos as classes C, D e E serão maioria no ensino superior.
Ele também disse que o ensino à distância é motivo de preconceito no país. Para o jornalista, o método não funciona para adolescentes, mas os jovens que estudam à distância tem notas melhores do que os alunos da escola tradicional, porque geralmente são mais motivados e interessados.
Para o jornalista, o ensino à distância é uma forma de democratizar o ensino e talvez seja o futuro da escola.
Sabatina
Idealizador da ONG Cidade Escola Aprendiz e colunista da Folha, Dimenstein é sabatinado por Rogério Gentile (editor de Cotidiano), Hélio Schwartsman (articulista da Folha), Marcos Augusto Gonçalves (editorialista da Folha) e Gustavo Ioschpe (economista e articulista da revista “Veja”). Ele também responde a perguntas da plateia.
A sabatina começou por volta das 19h, com duração de duas horas, no Teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618, 2º piso).
Autor dos livros “Meninas da Noite” e “O Mistério das Bolas de Gude”, entre outros, o jornalista foi um dos criadores da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) e do site www.catracalivre.com.br.
Fonte: Folha Online