O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), 
admitiu nesta quarta-feira (14) que o estado passa por racionamento de 
água. É a primeira vez que o procedimento é oficialmente admitido por 
Alckmin desde o início da crise hídrica em 2014. Ele disse que já há 
restrição na oferta de água desde que agência federal determinou a 
redução na retirada do Sistema Cantareira. 
A declaração ocorre 
um dia após a Justiça negar a cobrança de multa na conta de clientes que
 aumentarem o consumo. Na sentença liminar, a juíza Simone Viegas de 
Moraes Leme, da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, argumentou que a
 lei exige a adoção de racionamento oficial antes de aplicar tarifa de 
contingência. 
Além disso, a juíza também cobrou que a Sabesp informe quais são os bairros atingidos por "manobras ou redução de pressão". 
Assim como o governador, a Sabesp também admitiu,
 pela primeira vez, que toda a Região Metropolitana está com redução de 
pressão no abastecimento e divulgou um mapa das áreas afetadas (veja 
resumo abaixo ou ampliado com lista de bairros no arquivo PDF). 
Escassez no Sistema Cantareira O
 principal conjunto de reservatórios da Grande São Paulo é o Sistema 
Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas e tem capacidade total 
de 1,46 trilhão de litros. 
O nível nesta quarta era de 6,3% e conta com água
 do segundo volume morto, que tem reserva de 105 bilhões. Tanto o volume
 útil (973 bilhões de litros) quanto o primeiro volume morto (182,5 
bilhões de litros) já foram esgotados. 
O Cantareira teve 59,6 mm
 de chuva desde o dia 1º de janeiro, o que representa 22% da média 
histórica para o mês, que é de 271,1 mm. Em dezembro, quando começou o 
verão, o índice de chuva também ficou abaixo da média. Dos 220,9 mm 
esperados, choveu 165,5 mm, ou seja, 74,9% da média para o mês. 
Racionamento Alckmin 
participou nesta quarta da posse do novo comandante da Polícia Militar e
 foi questionado sobre a sentença judicial que cita que o governo não 
decretou oficialmente racionamento. 
"O racionamento já existe. 
Quando a ANA [Agência Nacional de Água] determina que você que tem que 
reduzir de 33 para 17 [ metros cúbicos por segundo] no Cantareira é 
óbvio que você já está em restrição. Está mais do que explicitado", 
disse Alckmin. 
Questionado se o governo do estado vai declarar 
racionamento conforme a decisão judicial, Alckmin disse não ser 
necessário. “Não tem que ter decreto, isso está mais do que 
explicitado", completou. Alckmin diz que vai recorrer da decisão 
judicial. 
Vai-e-vem da multa Na 
quarta-feira (7), a Sabesp havia sido autorizada pela Agência Reguladora
 de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) a aplicar multa
 de 40% a 100% para quem consumir mais água neste ano no comparativo 
entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. 
A multa chegou a ser 
anunciada pelo governo em abril, ainda antes do início da campanha para 
reeleição de Alckmin. Entretanto, em julho, Alckmin disse que não via 
mais "necessidade" da taxa extra. O governador voltou a anunciar multa 
em dezembro. 
Cantareira pode secar até março A
 redução na retirada de água das represas do Cantareira começou a ser 
adotada em 2014. No dia 13 de março do ano passado, a vazão captada 
passou de 33 metros cúbicos por segundo para 27,9 metros cúbicos por 
segundo, por determinação da ANA. Ao SPTV, o presidente da Sabesp, 
Jerson Kelman, disse que a retirada atual será de 13 metros cúbicos por 
segundo e que a Cantareira pode secar até março. 
Tanto governo 
do estado quanto Sabesp defendem que a redução da pressão é mais 
eficiente que o rodízio de água. Nesta manhã, a companhia divulgou que 
todos seus clientes em bairros da capital paulista e nas cidades da 
Grande São Paulo recebem água com pressão durante algum período do dia. 
A
 companhia afirma que a redução ocorre “preponderantemente durante a 
noite/madrugada, período em que grande maioria da população dorme e as 
atividades econômicas praticamente inexistem”. Se o imóvel tiver 
caixa-de-água a redução da pressão na rede não é percebida, diz a 
companhia. 
Chuva nos sistemas A chuva 
fraca que caiu na terça-feira (13) sobre a maioria das represas que 
abastecem a Grande São Paulo não foi suficiente para frear a queda no 
volume dos mananciais nesta quarta. 
Cinco dos seis sistemas responsáveis pela Região 
Metropolitana tiveram queda, segundo a Sabesp. Apenas o Guarapiranga, na
 Zona Sul da capital, apresentou eleveção no nível, indo para 40%. 
No Cantareira, que abastece 6,5 milhões de 
pessoas na Grande São Paulo, o nível caiu de 6,4% para 6,3%. É a 
terceira queda seguida no sistema, que não sobe desde o dia 26 de 
dezembro. E as chuvas acumuladas no mês, 59,6 milímetros, ainda 
representam 21,9% do previsto para janeiro. 
Chove, mas por que não sobe? Apesar
 dos temporais registrados na capital e Grande São Paulo desde o fim do 
ano passado, o nível das represas não subiu porque as chuvas isoladas 
não são suficientes para aumentar o volume dos reservatórios. A chuva 
que poderia ajudar na recuperação é formada por sistemas frontais 
(frentes frias) ou por corredores de umidade que saem da Amazônia com 
sentido à região Sudeste. 
Mas, segundo os meteorogistas do Centro de 
Gerenciamento de Emergências (CGE), vinculado à Prefeitura de São Paulo,
 e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um bloqueio 
atmosférico impede que esses sistemas cheguem até o estado de São Paulo e
 não permitem chuvas mais generalizadas e com tempo maior de duração. 
“Estamos tendo dias muito quentes e em uma cidade
 extremamente impermeabilizada como São Paulo, com o calor e a brisa 
marítima, ocorrem os temporais. Mas além de localizada, essa chuva é mal
 distribuída e só atinge os centros urbanos, não a região da maioria dos
 reservatórios. E, mesmo assim, a chuva isolada em um reservatório que 
faz parte de um sistema não agrega muita coisa. O ideal seria chover em 
todo o sistema”, afirmou o meteorologista do CGE Adilson Nazário. 
Isso explica por que apenas o Sistema 
Guarapiranga subiu de terça para esta quarta-feira (14). O reservatório 
fica na área urbana, na Zona Sul de São Paulo, e foi beneficiado com 131
 mm de chuva desde o início de janeiro. Por isso opera com 40% da 
capacidade de armazenamento e já atingiu mais da metade da média 
histórica de chuva prevista para o mês, de 229,3 mm. 
Fonte:http://www.camacarinoticias.com.br/leitura.php?id=282951