Os planos de saúde individuais e familiares, aqueles contratados 
diretamente pelo usuário, vão encarecer até 13,57% a partir da data de 
aniversário do contrato. O reajuste autorizado pela Agência Nacional de 
Saúde Suplementar (ANS) supera a inflação de 9,83% medida nos últimos 12
 meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 
representa a maior alta já autorizada pela agência reguladora, criada em
 2000, portanto dos últimos 17 anos.
A correção que cai como uma 
bomba no bolso do consumidor não deixou as operadoras satisfeitas, e a 
maioria deve aplicar o reajuste cheio, já que o pleito do setor era para
 uma correção próxima a 19%, acompanhando o índice da inflação médica 
apurada em 2015. A correção vai atingir cerca de 8,3 milhões de usuários
 de planos de saúde individuais e familiares no país e 795,2 mil em 
Minas, números que já foram crescentes, mas que com a crise econômica e o
 crescimento do desemprego vem minguando.
Os
 planos individuais vêm encolhendo, trimestre a trimestre, desde o 
último período de 2014. Segundo o Instituto de Estudos da Saúde 
Suplementar (IESS), nos últimos 18 meses terminados em março, só na 
modalidade individual e familiar 280 mil cancelaram o contrato e saíram 
do convênio. Em Minas, foram 398 mil. Além das baixas, boa parte do 
mercado, principalmente as seguradoras, deixaram de comercializar o 
produto que tem preço controlado pela ANS.
Enquanto os planos 
individuais vão ter acréscimo de 13,57%, os coletivos foram reajustados,
 em média, entre 15% e 20%, segundo estimativa da Associação Brasileira 
de Planos de Saúde (Abramge). Os percentuais vêm pesando também no caixa
 das empresas e associações. Boa parte deles está trocando os convênios 
por modelos mais baratos. Ao todo, contabilizando os planos individuais e
 coletivos, desde o ano passado, cerca de 1,5 milhão deixaram de ter 
contrato com uma operadora e precisam recorrer ao Sistema Único de 
Saúde.
Cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que o 
impacto do reajuste na inflação será de 0,45 ponto percentual na 
inflação do país. Joana Cruz, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa
 do Consumidor (Idec), diz que diferença entre os índices da ANS pouco 
mudou entre o ano passado e este ano, mas a disparidade entre o índice 
de inflação oficial (IPCA) e o índice da ANS diminuiu devido ao aumento 
da inflação.
O Idec reforçou que o aumento autorizado pela 
agência ainda está acima do custo de vida. Segundo a advogada, o Código 
de Defesa do Consumidor (CDC) veda práticas excessivamente onerosas ao 
usuário, e que representem vantagens manifestamente excessivas às 
operadoras. “O Idec continua a questionar a metodologia da ANS para o 
cálculo dos reajustes dos planos individuais, que leva em conta os 
valores de reajustes aplicados para os contratos coletivos, que não são 
regulados pela ANS”, diz a advogada. Para o Idec, tanto os planos 
individuais e familiares quanto os coletivos deveriam ter um 
reajuste-teto estipulado pela ANS, guardando relação com o custo de 
vida.
ATENÇÃO AO BOLETO A metodologia utilizada 
pela ANS para calcular o índice máximo de reajuste anual dos planos 
individuais e familiares é a mesma desde 2001 e leva em consideração a 
média dos percentuais de reajuste aplicados pelas operadoras aos 
contratos de planos coletivos com mais de 30 beneficiários. Os usuários 
dos planos individuais devem ficar atentos aos boletos de pagamento, 
observando se o percentual aplicado é igual ou inferior ao definido pela
 ANS, e ainda se a cobrança com o índice de reajuste está sendo feita a 
partir do mês de aniversário do contrato. O índice de reajuste 
autorizado pela ANS pode ser aplicado somente a partir da data de 
aniversário de cada contrato. Se o mês de aniversário do contrato é maio
 ou junho, será permitida cobrança retroativa. Nesses casos, as 
mensalidades de julho e agosto (se o aniversário do contrato for em 
maio) ou apenas de julho (se o aniversário do contrato for em junho) 
serão acrescidas dos valores referentes à cobrança retroativa. Para os 
contratos com aniversário entre julho de 2016 e abril de 2017 não poderá
 haver cobrança retroativa.
Usuários enfrentam pressão em dobro
O
 reajuste dos planos de saúde se tornou um cabo de medir forças. De um 
lado, as prestações pesadas levam empresas e consumidores a buscar 
produtos mais baratos ou mesmo a cancelar o plano. Do outro, as 
operadoras brigam por reajustes maiores que a inflação, ou próximos à 
inflação dos serviços médicos, que é praticamente o dobro do custo de 
vida, o que tornaria as parcelas praticamente impagáveis para o 
consumidor em curto prazo.
A Federação Nacional de Saúde 
Suplementar (FenaSaúde), que representa grandes operadoras do mercado, 
afirma que reajuste não cobre os custos. “Os percentuais de correção 
definidos pela ANS nos últimos anos não vêm sequer cobrindo as despesas 
assistenciais dos planos", diz Solange Beatriz Mendes, presidente da 
entidade. Ela aponta o Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares,
 do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que registrou, em 
2015, a maior alta da série histórica, com evolução de 19,3%.
“Um
 resultado bem acima desse reajuste de 13,57% estipulado agora pela 
agência. É preciso focar na questão da alta dos custos, sob pena de o 
sistema se tornar economicamente inviável num futuro bem próximo”, 
observa Solange Mendes. A Associação Brasileira de Planos de Saúde 
(Abramge) também ressaltou que o reajuste autorizado pela agência 
reguladora ficou abaixo da inflação dos serviços médicos e repõe apenas 
parcialmente os custos médico-hospitalares. 
        
    
Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2016/06/04/internas_economia,769229/liberada-a-maior-alta-dos-planos-de-saude-em-17-anos.shtml